sábado, 23 de agosto de 2008

Aguarrás e Double I You

é enlouquecedor passar a vida sem ter sido amado. Aguarrás (Edu O.)




fotos feitas por Agnés Jaubert do ensaio do espetáculo
Nus à margem da imensa paisagem
que estréia semana que vem, dia 05, 20 horas,
no Teatro Gamboa Nova, com Edu O. e Wilfrid Jaubert


Caráter

Caráter é o que você é capaz de fazer quando está sozinho.
Dercy Gonçalves

Uma oração para ele


Hoje o príncipe da casa faz um mês e eu, todo acabrunhado pelos acontecimentos da semana, quero festejar sua chegada, comemorar tua presença em nossa vida, a alegria que nos trouxe.
Todo acabrunhado, com medo da vida e da morte, das coisas que ainda estão por vir, desejo que sua vida, meu filho, siga por um caminho de muita beleza, que seus passos sejam firmes e que te sustentem nas pedreiras que eu gostaria de tirar para você passar, mas seu tio não come espinafre e não tem os poderes de Grayskull para te proteger desse pesado mundo como ele gostaria.
Estarei ao teu lado sempre, disso não duvide nunca!!!!!

Pronome possessivo

* Com saudade de Mirella Matos, minha Vascos, meu amor... por tudo que ela representa em mim. Pelo colo, pelos olhos, pela beleza.

Comprei flores
As mais bonitas que achei
Trouxe algumas dúzias delas
Azuis
Azul é minha cor preferida
Minha e da maioria
Sou pouco original!
Adoro flores pretas também
São raras como as pérolas
Mas são lindas!
Não conheço flor preta nenhuma,
Mas são lindas!
Eu acho!
Aliás, eu tenho uma flor preta,
Dentro de vaso no meu quarto!
É uma flor preta de papel!
Fui eu que fiz!
Talvez seja por isso que gosto tanto de flores pretas
Porque eu fiz
Há tanto tempo não faço nada!
Há tanto tempo não gosto de nada!
Só de flores pretas
E das azuis que eu comprei agora!
Ah! Eu fiz uma carta!
Quer ver?
Ela tem título e tudo:
“Para um amigo que não foi”
Pensei em você o dia todo
Lembrei do nosso tempo de convivência
Quantas coisas já aconteceram desde então...
Quantos conceitos mudaram
Com você, talvez, tenha acontecido o mesmo
E nós distantes, não nos conhecemos mais
Acho até que nunca nos conhecemos de verdade!
Brincadeiras antigas, já sem o tempo certo da comédia,
Coisas novas que não se fazem entender...
Mas, aquele foi um belo tempo...
É amigo!
Foi o tempo que, voando, não nos deixou perceber que nos afastávamos,
Que interesses novos surgiam
Foi o tempo...
Me fez esquecer você
Que contradição!
O mesmo me faz sentir saudade agora
Saudade daquele passeio entre as esculturas
E as pessoas preocupadas com o meu sumiço,
Sem saberem que eu não poderia estar em melhores braços;
Saudade de quando o que eu menos queria no teu colo
Era simplesmente carinho de amigo
Saudade do teu riso, teus olhos,
Enfim, saudade de você.
Amigo? Talvez!”
Eu, também, gosto dessa carta,
Fui eu que fiz
Ela está sem endereço, sem destinatário,
Mas eu gosto
Quer para você?
Para não ficar aqui guardada na gaveta...
Fiz minha cama, minha comida,
Fiz minha barba também
Embora eu tenha feito minha barba,
Eu não gosto dela
Mesmo sem ter para onde ir
Já fiz minhas malas
E eu as adoro
Acabei de fazer o café
Vamos tomar?
Meu café é uma delícia!
Eu só gosto de café quando eu faço!
Não fique com vergonha,
Não foi você quem me acordou
A prova disso é o café quentinho, está vendo?
Eu já tinha acordado quando o interfone tocou
Mas, também, que diferença faz?
Se sonho com você a noite toda?
Acordar ouvindo tua voz
Seria apenas o prolongamento dos meus sonhos
Falar contigo pela manhã
É concretizar a noite.
Espere um pouco que vou colocar uma música enquanto tomamos café!
Você gosta dos Beatles?
Nem sei do que fala essa música,
Mas me lembra você
“I want you (She’s so heavy)”
Você é she, he ou it?
Você é coisa nenhuma
Substantivo abstrato
Você é algo volátil
É o que é, sem estar.
Sinônimo de falta, perda...
Fique longe! Onde está.
Longe?
Mas como? Se você está no quarto, banheiro...
No meu carro, trabalho, caderno...
Você está em mim!
Meu riso, de tão acostumado com teu humor,
Depois do teu sumiço nunca mais apareceu na minha cara, na minha casa.
Meu beijo se viciou na tua pele
E depois disso tudo
Não beijou mais outra pessoa, outra carne.
Tenho furúnculo no peito
Caroço de pus no coração
Estou fazendo sucção
Para retirar-te com o asco
Para retirar-te com o carnegão!
Você encheu-me de feridas,
Cicatrizes, cascões, arranhões,
Dois cortes nos pulsos,
Era um pacto que fiz comigo mesmo
Ah! Esta música no reapt!
Do que ela está falando?
O que ela repete?
“I want you”
Se ao menos eu soubesse outra língua que não a tua...
Se eu conseguisse desejar outra pessoa...
Olho para você tentando decifrar-te
Minha esfinge, minha caixa de Pandora!
Meus olhos cerram diante de ti
Meus pensamentos param
E o sangue corre louco pelo meu corpo
Louco... Louco...
“I want you”
Não é que queira,
Eu preciso de você!
Mas cadê?
Não tenho...
Você é imagem fictícia!
Talvez por isso eu goste tanto,
Porque fui eu que fiz:
Minha flor preta, minha carta, minha cama, minha comida, minha barba, minhas malas, meu café... VOCÊ

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Que direito você tem de invadir o meu maior bem?

Sem conseguir escrever a respeito, só posso pensar na fragilidade da vida que se mantém num segundo de gatilho ou na eternidade de um estupro.

Medo, revolta, tristeza........ uma amiga, uma mulher, uma minha. Meu choro preso, meu abraço de carinho. Meu silêncio solidário.

CARTA ABERTA À SOCIEDADE

A Comissão Gestora do Diretório Acadêmico da Escola de Teatro da UFBA vem, através desta carta aberta, denunciar e cobrar providências à respeito do crime de violência sexual contra a mulher ocorrido no dia 19 de agosto de 2008, no campus de Ondina da Universidade Federal da Bahia.

O crime aconteceu pela manhã, no caminho que une a Escola de Dança ao Instituto de Letras da UFBA. Uma estudante do curso de Dança foi abordada por um homem armado, que obrigou à acompanhá-lo até o local onde a estuprou. A estudante foi socorrida por professores e encaminhada à Delegacia para prestar queixa.

Lamentamos profundamente o ocorrido e disponibilizamos o nosso total apoio à vítima.

VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA A MULHER
A questão de gênero merece atenção especial. A violência sexual e agressão contra mulheres dentro e fora de seu domicílio atingem índices alarmantes e, portanto, merecedores de políticas públicas eficazes por conta do Estado e de denúncias por conta da sociedade.

O crime de estupro ocorrido no campus da Universidade Federal da Bahia, localiza-se entre tantos que - de forma lamentável - são cotidianamente cometidos contra a mulher.

Dentro e fora da UFBA as pessoas - qualquer pessoa - necessitam de proteção.

Exigimos dos órgãos responsáveis pela Segurança Pública do Estado e da Administração Central desta Universidade, as medidas de proteção e segurança necessárias.

SEGURANÇA NA UFBA

Não é a primeira vez que um crime de estupro é cometido nos campi da Universidade Federal da Bahia. Não é também o único caso de violência sexual ou agressão contra a mulher. Ao contrário, a UFBA tem sido cenário frequente de, além desses, crimes de assalto contra as pessoas que transitam por seus diversos campi.

Dessa maneira, faz-se necessário, com urgência, a concretização de medidas de segurança já aprovadas em Conselhos Superiores desta Universidade e ainda não implementadas pela atual Administração Central. Este crime poderia ter sido evitado caso as deliberações do Conselho Universitário já tivessem sido colocadas em prática.

Acreditamos que as medidas de proteção e segurança que se fazem urgentes, não passam por entricheirar ou isolar a UFBA da comunidade (com muros, grades ou controles de acesso). Ao contrário, as medidas a serem adotadas devem vir de forma a transformar os campi da UFBA em espaços de socialização, convivência e trânsito de toda a comunidade, sem prejuízos às reservas de Mata Atlântica abrigadas nos campi. Ou seja, fazer da UFBA uma Universidade verdadeiramente Pública.

Para garantir a segurança e proteção das pessoas que transitam em seus campi, defendemos a criação de uma guarda universitária de caráter preventivo, com estatuto próprio, não terceirizada, concursada, não militarizada e gerida por conselho formado entre as três categorias: professores, funcionários e estudantes.

POSTURA DA ADMINISTRAÇÃO CENTRAL

Em declarações públicas à comunidade e à imprensa, os dirigentes máximos da Universidade Federal da Bahia tem revelado a maneira - no mínimo, desreipeitosa - com que tem tratado a questão.

Em reunião com estudantes, funcionários e professores, diante da imprensa, no salão nobre da reitoria logo após ter sido cometido o crime, o vice-reitor Francisco Mesquita amenizou a gravidade da violência alegando que a vítima estava em 'condições propícias ao crime'.

O reitor Naomar de Almeida Filho, em matéria do Correio da Bahia de 20/08/08 apresenta dados tão somente da segurança patrimonial terceirizada, desresponsabilizando-se da segurança pessoal de toda comunidade que transita pelos campi. Acrescentou, ainda, que 'cada centavo que se gasta com segurança privada representa um recurso que deixa de ser investido na melhoria do ensino', ignorando que para haver condições de ensino, pesquisa e extensão deve haver condições mínimas de trânsito nos espaços da universidade.

Mais uma vez lamentamos o fato ocorrido.

Estamos atentos aos espaços de discussão, construção e deliberação de políticas de segurança na Universidade Federal da Bahia.

Atenciosamente,

Comissão Gestora do Diretório Acadêmico da Escola de Teatro da UFBA.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Nus à margem da imensa paisagem

Foto de Fabienne Frossart

O encontro dos amigos Wilfrid Jaubert e Edu O. em 2004, resulta agora nesse espetáculo onde apresentam dois solos que se complementam e que refletem, cada um à sua maneira, sobre a condição do masculino e suas inquietações. Falam tanto de si e da condição humana que findam por falar um do outro, falam de todos nós.


Dois solos (Double I You e Aguarrás), dois homens, dois corpos, duas nacionalidades (França/Brasil) e os mesmos sentimentos.

É nu na frente da imensidão da paisagem, é nu na frente dos outros,… outros serão desnudados à descida dos vagões, outros ainda improvisarão a vida após o ignominie. Aquilo toca-os, os combates contra o ignominie da vida, é por isso que põem aqui estes solos construídos, deixando a improvisação guiá-los para afirmar o diferente.

A escolha de privilegiar a escrita espontânea no processo de composição é uma maneira de preservar a parte de vida no espectáculo, a parte de imprevisto em relação com o outro (transeuntes, públicos, espaços, barulhos, sons…). A singularidade deste trabalho situa-se neste equilíbrio frágil entre improvisação e estruturação.
Data : 05, 06, 12 e 13 de Setembro
20 h
Teatro Gamboa Nova
R$ 5,00


Double I You

Wilfrid Jaubert trabalha ao redor da concepção solo, convoca o seu outro, o que duplica a escolha, à cada nascimento de movimentos. É uma viagem, introspecção da sua dança. Um trajeto entre a sua vida e a vida “intrapele”. Atravessa os estados, recorda-se, projeta-se entre interior e exterior. Progride, sobre ‘carris moventes’, de um lado ao outro. Cada um deles é visceralmente ligado aos sons, às palavras, às vozes entendidas, percebidas. Deixa-se levar pelos elementos.
Questiona imagens fortes que constituem o seu percurso de homem através da linguagem do corpo.
Intérprete Criador : Wilfrid Jaubert
Trilha Sonora : Philippe Festou

Aguarrás

Em sua segunda investida em pesquisa solística, Edu O. retoma o monólogo Aguarrás, apresentado há dez anos na Sala 5 da Escola de Teatro e posteriormente em espetáculos como Monólogos na Madrugada (2003-BA) e Estação Limite (2007-RJ), ambos da cia Abusados de Teatro, e explora as reações corporais frente às situações apresentadas pelo texto.
Um homem e seus fantasmas.
Um homem e seus desejos.
Um homem e a espera de algo que nunca chega.
Intérprete Criador e texto : Edu O.
Direção : Zunk Ramos
Colaboração : Fafá Daltro

PRODUÇÃO : AMPLA COMUNICAÇÃO TOTAL

Judite visita Rodin


Judite irá visitar Rodin no Palacete das Artes - Museu Rodin toda quinta-feira de Setembro, num projeto que me deixou muito feliz, porque faremos sessões para escolas, levando a história dessa lagartinha para as crianças que sempre reagiram lindamente nas apresentações de Ju.

Nu Gamboa


Entrevista de quinta

Só para agradecer a Miro, Maria, Bernardo e Luli (nova visitante) o incentivo pela entrevista na TVE que irá passar nesta quinta-feira, às 22 horas, no programa Soterópolis. Tomara que eu tenha me expressado direito e defendido meu ponto de vista coerentemente. Se não, desculpem as baboseiras.

Beijos e obrigado pelos constantes contatos imediatos de primeiro grau e de primeira.

domingo, 17 de agosto de 2008

Peter Pan esteve aqui

A TVE me convidou para dar uma entrevista sobre a questão das pedrinhas portuguesas. Amanhã estarei, à tarde, no Porto da Barra para falar sobre o que penso a respeito da retirada dessas coitadas da orla da Barra. Eles querem ouvir opiniões diversas sobre o tema. Estive pensando o que e como direi sobre essa grande polêmica soteropolitana.

Aceitei o convite num impulso, achei que seria bom falar a mais pessoas minha opinião, confrontar com outros pensamentos, entender um outro argumento... sei lá, aceitei. Hoje me deu uma preguiça, um cansaço de entrar nessa briga numa proporção maior. Estou me sentindo como aquela vizinha que se mete na vida do casal ao lado, que dá sua opinião sem ser chamado. Eu que não tenho relação nenhuma com Salvador, eu que considero esta cidade ingrata e penso que Salvador não ama ninguém, vou meter meu dedo nesse angu para que?

Quando escrevi sobre o tema era somente para dizer isso: que não queria entrar na briga, que tinham outras coisas mais urgentes para me preocupar, mas sem querer acabei cutucando a onça e lá vou eu me meter numa coisa que não é minha.

Me deu uma saudade do tempo em que minha única preocupação era em tirar 10 e passar na terceira unidade. Tempo em que nem as coisas mais sérias que aconteciam diretamente em minha vida me causava tanto incômodo. Acho que essa sensação em relação a Salvador é o resto de mágoa que guardo desde o caso do Procon e sinto que desde então algo em mim morreu, algo em mim se tornou triste, amendrontado. Não quero mais brigar com esta cidade, queria esquecê-la e voltar aos macios paralelepípedos de Santo Amaro, ao aconchego do meu lar.

sábado, 16 de agosto de 2008

Medalha no peito

Está muito difícil voltar ao Brasil pela manhã. A China é muito distante e acordar dessa viagem está uma tarefa árdua. Fico exausto como se fosse um atleta concorrendo nas Olimpíadas. Perco meu sono na frente da tv assistindo aos atletas participarem das Olimpíadas. Jade Barbosa fez minhas mãos suarem e meu coração entristecer, César Cielo me emocionou com suas lágrimas e alegria pelo ouro, estou craque em modalidades que desconhecia. Aliás, isso me faz lembrar de meu avô que à época dos Jogos Olímpicos era o maior campeão de todas os tempos.

Lembro de tia Iana indo assistir às corridas de cavalo e até esgrima para poder ouvir meu avô narrar seus feitos esportivos. Ele havia praticado todas as modalidades. Era impressionante! Eu, um neto apaixonado, adorava escutar essas histórias e criava as cenas na minha cabeça. Meu avô era uma espécie de Dom Quixote, tinha, inclusive, o tipo físico semelhante. Ele por mim vencia tudo, todos os exércitos de moinhos, qualquer combate com caveleiros andantes.

Quando ficou mais velho, faleceu com 99 anos, e a esclerose dominou sua mente, meu avô pulava cercas feitas de pé de mesa, brigava com ladrões dentro do guarda-roupa, namorava princesas que apareciam só para ele. Eu adorava tudo isso! Me fazia voltar à infância onde eu brincava com tudo que eu podia criar. Ele com seus 97, 98 anos de idade, voltara a ser criança e inventava heróis e bandidos para ilustrar sua vida que findava.

Hoje vendo os atletas brasileiros lutarem por uma medalha, não consigo esquecer a que carrego no peito há nove anos. A saudade de meu avô é um ouro pesado que trago em mim.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Os bonecos de Deus (uma conversa com um menino de 7 anos)

Deus é um cara tão esquisito!
Ele mora lá em cima, no 21° andar, na cobertura do prédio, mas eu nunca o vi. Dizem que ele é bem bacana, mas não sei não, nunca conversei com ele.
Minha mãe manda eu rezar para Deus toda noite. Eu fico pensando como é que ele consegue me ouvir falando tão baixo daqui, se ele está lá em cima? Ele tem é ouvido de tuberculoso! E quando eu faço alguma coisa feia, minha mãe diz que Deus briga. Por mim... Ele não é meu pai!
Falando nisso, meu pai é que é esperto, já foi lá na casa de Deus várias vezes, tomar vinho com ele. Meu pai nunca me levou! Eu queria ir para comer aquele biscoitinho redondo que meu pai diz que come também.
Outro dia fiquei sentado na escada para ver a cara de Deus e os bonequinhos que ele faz.
Dizem que ele quem fez a gente!
Então nós somos os bonecos de Deus, né?
No domingo fui para a igreja. Minha mãe me mostrou o filho de Deus. Eu dei tanta risada... ele estava nu, pendurado numa cruz. Eu achei ele bonito!
Não entendi direito, Deus é novo para ter um filho velho desse!
Eu nem fiquei com pena dele nem nada, porque minha mãe me contou que ele morreu na cruz e depois viveu de novo. Ele nunca veio aqui no prédio, deve ser muito ocupado esse filho de Deus!
Na igreja não é ele de verdade, é o boneco que fizeram dele, né?
Minha irmã tem a boneca de Xuxa, da Eliana e tem a Barbie que eu não sei de quem ela é.
O mais bonito, mesmo, é o boneco do filho de Deus. Pelo menos tem sangue escorrendo, igual quando a gente toma uma queda e fica todo ralado.
Vou pedir para minha mãe comprar um boneco de Deus para eu ficar brincando. Será que ele é muito caro?
Eu já vi um na casa dos outros o boneco pendurado na parede. Vou falar para minha irmã pendurar as bonecas dela também. Fica bonito!
Ah! E no dia que faltou luz aqui no prédio e o negócio que faz o elevador funcionar quebrou, todo mundo ficou lá embaixo esperando. O porteiro disse que Deus subiu de escada, aliás, que mesmo com o elevador funcionando ele sobe de escada. Eu acho que ele é louco!
Me contaram uma coisa que eu não acreditei: que Deus pede dinheiro para os outros. Que as pessoas pagam a comida de Deus, a casa de Deus e até as roupas de Deus! Por que será que ele não trabalha, fica pedindo?
Ah! Não! Ele trabalha! Eu esqueci que ele fica fazendo gente! É bem criativo! Tem tanta gente, uma diferente da outra! Pena que ele não faz todo mundo feliz!
Aquela moça que dorme ali na esquina fica com frio e com fome todo dia. Eu vi na televisão uma porção de criança barriguda chorando de fome, outra velha chorando porque estava doente e tinham matado o filho que cuidava dela.
Eu quase ia bater na casa de Deus para perguntar a ele se ele estava cego ou surdo, se não assiste a televisão e se não ia tomar providência! Um amiguinho meu que não deixou, porque senão Deus briga e castiga quem briga com ele.
Mas tem tanta gente rica, que podia dividir o dinheiro mais certinho e aí não ia ter tanta pobreza, tanta gente ruim que rouba e mata.
Deus me livre!
Eu estou falando isso com meus pensamentos, será que ele ouve os pensamentos?
Ih! Estão batendo na porta, será que é Deus que veio brigar comigo?
Oh, Deus! Eu só estou pensando, não é tão sério assim, não!
Se você quiser, o Senhor, eu posso rezar ajoelhado a tarde toda e dou 10% de minha mesada para você me perdoar!

Hoje tem palhaçada

Foto de Ed Moraes

Sou um palhaço de cara borrada

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Filosofia da vaca

Podem me chamar de egoísta, podem dizer que é uma visão limitada e que o mundo está assim por pensamentos como este, mas eu que atirei pedra na cruz e que estou para enlouquecer a ponto de sair jogando pedra, confesso que não estou nem aí para as pedrinhas portuguesas que todo mundo anda defendendo agora.

Estou escrevendo inspirado pelo blog de Miro que pede para votarmos contra a retirada das pedrinhas. Eu não estou com pena delas, aliás estou até achando bom.

Como escrevi num comentário para este amigo, disse que tenho que pensar em mim, já que nesta cidade d'Oxum meu grito é mudo e mesmo assim sigo gritando sozinho, não vou brigar porque estão tirando umas pedrinhas do meu caminho. Minha bunda agradece, assim como economizarei na manutenção da cadeira de rodas que me é tão útil.

Estou como vaca para as pedras. Desculpem, sei que estou num tom agressivo, mas Salvador é agressiva comigo diariamente. Ela me atira pedras o tempo todo. Acho que a orla ficará feia, reconheço todas as questões que levantam, mas para ser sincero.... ah vocês já sabem.

Salvador anda feia e enterrada há muito tempo. Não serão os granitos que a transformarão em mausoléu. Os defuntos não nos abandonam e o fantasma da falta de educação cresce assustadoramente. Então, vou defender minha parte nesse latifúndio e deslizar tranquilamente até o porto e ver o pôr do sol que ainda continua lindo.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Alguns BUNITOS

Em fotos de Cléa Ferreira que também particpou da performance como paparazzi, alguns lances do Eu sou BUNITO! no Encontros de Multidão.

Celebridades: Edu O., Fafá Daltro, Luciana de Bezinha, Jaquelene, Iara Sales e Lucas Valentim.